quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Confissões

O desespero lhe subiu pelas veias.
Um desespero perdido, vazio.
Ela se culpava pelo passado, se decepcionava com o presente e sonhava com o futuro.
No fundo, o seu coração batia como o de todos os outros.
Ela procurava ser fiel a si mesma, sem saber quem era si mesma.
Culpando a qualquer um, ninguém havia lhe dado espaço para pensar, crescer, querer. Mesmo adulta em números, ela tinha o sentimento incômodo de ainda ser uma criança sendo cuidada.
Ela sonhava em rasgar tudo. Partir toda a cera dura de uma vez e sentir suas pernas andando, seus músculos esticando.
O turbilhão embaixo se sufocava com o medo encima, com suas mãos segurando seu peito e seus pulmões, onde o ar não entrava o suficiente.
O medo de não saber; o medo de não ter certeza; o medo de se decepcionar; o medo de se arrepender; o medo de não ser mágico.
E como se atolado na lama, seu corpo não se movia para a frente, impotente.
E nada continuava a acontecer.

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