E por essa rua, eu continuo andando, tentando não me abalar, tentando não deixar cair, tentando não deixar... tentando ser de ferro, segurando as esperanças pelas pernas, para que elas não pensem em fugir nem por um segundo. E pela rua eu vou, encarando o ar parado, o calor pesado, a luz seca da lua.
Os ecos mudos do meu pé não atingem meus ouvidos, inundados pelo silêncio do mundo, pelo silêncio que ensurdece. Eu continuo respirando sem dificuldade, o que só mostra que eu vou continuar aqui por um bom tempo e nada está perto de acabar, eu vou ter que ser forte, não há outro jeito. Porque eu não sei o que acontece se eu não for, e, sinceramente, eu tenho medo do que pode acontecer.
Vê aquela porta aberta? Aquela ali, de madeira, aberta? Está começando a chover e pela porta aberta eu posso sentir o cheiro do asfalto deserto sendo molhado, enquanto olho para a lua, sentado no pé da escada. Uma vez, ouvi uma história que dizia que a palavra "lunático" vinha da palavra "lua", pois alguma das muitas civilizações antigas da história acreditava que quem olhasse para a lua, endoidecia. A lua deixava as pessoas lunáticas.
Eu devo ser um lunático. Ou eu devo ser alguém que cansou antes mesmo de começar. Ah, eu esqueci de falar sobre a porta! Sim, aquela de madeira que está aberta, mostrando a chuva cair devagar e elegante, iluminada pela luz amarela dos postes. Eu vou sair por aquela porta. Eu vou sair na chuva, porque eu quero me molhar. Eu vou sair sem ter para onde voltar. Sim, eu vou sair e enfrentar as gotas leves da chuva fraca e interminável. Eu vou sair e enfrentar o ar frio e eu vou cantando pela rua; cantarolando alguma música qualquer só para mim. Só para eu ouvir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário