sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Redenção

Foi violento. Foi extremamente violento. Uma violência emocional, aquela que só o coração e o âmago da alma podem sentir. Dois corpos nus encostados. Não, não havia amor entre eles. Mas ali eles estavam. Juntos, se pressionando com uma força desesperada. Ali eles estavam. Em contato. Juntos. Não, não havia desejo entre eles. Não, não havia paixão entre eles. Na verdade, o que havia entre eles beirava o ódio mortal e o nojo envergonhado. Não havia nada entre eles.

Eram dois corpos frios, mortos, culpados se tocando. Eram peles de defuntos se tocando, tentando achar o que não se pode achar, o que não se deve achar. Fazendo o que não queriam, mas não podiam deixar de fazer. Foi tão violento, foi dilacerante. Uma alma dilacerada, destruída em infinitos pedaços.

Terminou com vergonha, arrependimento, decepção e gosto de metal boca. Foi sexo injusto. Não, não havia sexo entre eles. Não foi nada, absolutamente nada, apesar de ter tido seu peso, e ah como pesava. 

Então, é nessa sexta-feira 13, que ponho minha máscara e visto minhas fantasias, com medo e nojo de olhar nos olhos, de me ver refletido, de ver meus erros, meus demônios. Ver o que eu não quero ver, ver que não há solução, não há redenção, não há exorcismo, não há salvação. O que há é esquecer, mas esquecer sabendo que sempre vai estar lá o que eu finjo não existir.



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