segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Grito Negro - Mário de Andrade

Eu sou carvão!
E tu arrancas-me brutalmente do chão
e fazes-me tua mina, patrão

Eu sou carvão!
E tu acendes-me patrão
para te servir eternamente como força motriz
mas eternamente não, patrão
Eu sou carvão
e tenho que arder, sim
e queimar tudo com a força da minha combustão

Eu sou carvão 
tenho que arder na exploração
arder até as cinzas da maldição
arder vivo como alcatrão, meu irmão
até não ser mais a tua mina, patrão
Eu sou carvão
Tenho que arder
queimar tudo com a força da minha combustão

Sim!
Eu serei o teu carvão, patrão!

Um comentário:

  1. Muito bom esse poema oq expõe as emoções e os sentimentos do eu lirico

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