terça-feira, 2 de agosto de 2011

Post duplo - A Santa; O Fanático

Esses dois contos são super antigos, mas eu lembrei deles enquanto escrevia o do post anterior, então lá vão os dois ao mesmo tempo.

A Santa
Era uma vez, uma Igreja. Esta igreja tinha um belíssimo vitral com a imagem de uma santa.
Esta Santa todos os dias olhava aquelas pessoas que entravam na sua igreja, lá do seu vitral, e por incrível e ruim que pareça, ela não se compadecia de nenhum sofrimento e não se alegrava com nenhuma vitória, além de às vezes achar o livro que o padre lia um verdadeiro absurdo.
Uma dia ela começou a se sentir realmente estranha, e o que ela se deu conta a deixou temerosa: ela se deu conta de que não se compadecia com nenhum sofrimento exatamente porque sentia prazer neles; não se alegrava com nenhum vitória, se enraivecia com elas; além de atender apenas as promessas que se referiam ao pior do Ser Humano. Isso a deixou um pouco triste, também, porque, afinal, não é assim que se espera que uma santa seja.
Constatando tudo isso, a santa do vitral decidiu ir embora da Igreja - infelizmente, quando ela tomou essa decisão era a hora da missa.
Quando a igreja não podia estar mais cheia, o vitral começou a se rachar com estrondo nas linhas que marcavam a imagem da Santa da paróquia, que então, simplesmente desceu (com toda elegância, obviamente) do vitral e saiu andando como se não fosse mais que um pedaço de vidro.
Os fiéis não sabiam como entender aquilo. Um milagre de deus ou uma manifestação do diabo? E como nos momentos de dúvida o melhor é sair correndo, os fiéis e o padre esvaziaram a igreja.
Do lado de fora, a luz do sol se refletia na santa, que já havia, precariamente, alcançado a escadaria que a levaria atá a rua, e de lá só deus sabe.
Algum fiel incrivelmente corajoso e temente a deus pegou uma barra de ferro e decidiu dar um fim naquela representação demoníaca.
A Santa não se sentia bem. Ela se sentia exposta e envergonhada com todas aquelas pessoas na praça em frente a igreja olhando-a como se fosse uma aberração da natureza, até que viu um belo jovem correndo com um pedaço de ferro na mão.
Ele acertou-a em cheio, quebrando-a em pedacinhos.
Os cacos tocados pelo milagre se espalharam pela calçada.


O Fanático
Um turbilhão de coisas passava pela sua mente. Um turbilhão de coisas ruins passava pela sua mente.
A violência, a ignorância. Pecados, crimes, vandalismo, drogas. Por que as pessoas faziam isso? Por que eles matavam, mentiam, batiam? Por que eles estupravam, abortavam? Pedofilia? Zoofilia?
Sequestro? Tiros? Qual era o gosto que eles tinham por sangue? Sofrimento?
Mas o real problema se duplicava, porque além de existir gente capaz de fazer o mal inconsequentemente, existiam aqueles que não faziam o mal, mas defendiam e incitavam.
Ele não era claro o suficiente? Não existiam homem e mulher? Onde está o casamento? A família? As mães e donas de casa? Valores?
A exterminação já havia chegado uma vez. Chegaria outra. Chegaria outra?
O cansaço lhe invadia. As lágrimas afogavam seus cândidos olhos.
Devo acabar com isso? Matar-me e não ver mais? Não! Valores? Valores! Matá-los? Exterminá-los? Seria o certo? Acabar com o mal? Ele era um servo. Ele seria um servo? Matá-los? Matá-los!
Matá-los? Sim!
Ele quer. Eu sei.
Ele sabia.
A arma levantou e os gritos não tiveram tempo de correr.

(Qualquer semelhança com algum caso bem macabro que tenha acontecido a pouco tempo é só coincidência mesmo, rsrs)

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